Pai e Filho |
Se um garoto, aparentemente branco, declara-se como negro e reivindicar seus direitos, num caso relacionado com as cotas, não há como contestar. O único jeito é submeter essa pessoa a um teste de DNA. Porém, isso não é aconselhável, porque, seguindo por tal caminho, todos os brasileiros deverão fazer testes. E o mesmo sucederia com afro-descendentes que têm marcadores genéticos europeus, porque muitos de nossos mestiços são euro-descendentes.
Esta a impertinente pergunta que mais se faz em qualquer discussão sobre ações afirmativas em nosso país.(por:Ademir Barros dos Santos)
Paralisados pela incabida busca da impertinente resposta, nenhuma atitude séria é tomada - porque, para que se distribua corretamente as ações voltadas aos negros, é necessário, no mínimo, saber quem são eles, evitando distorções. A resposta, porém, é complicada: o Brasil tem, aproximadamente, quarenta por cento de sua população composta por mestiços; que são negros não tão negros assim. Daí que é difícil reconhecer o negro que não é negro, porque mulato claro; e se for tão claro que necessite provar que é negro para que os não negros se convençam? Vamos por partes. Em primeiro lugar, o que é “negro”? Os que têm a pele preta, é claro. Mas, e os outros, que descendem de pretos, mas também de brancos...ou não, poderiam ser mulatos?Essa nova gente, mistura de senzala com instintos animais, causou problemas sérios de classificação: o norte-americano só vê, além do índio, o branco e o negro, aqui incluindo os mulatos; na África do Sul, o mestiço é o "colored" que, assim como os negros, não alcança posições sociais, já que carrega o sangue escuro, mesmo quando não carrega o preto da pele.A América Latina vê de outra forma o mestiço aqui, o que importa é a cor, não a ascendência em si; daí o problema, já que o mestiço destila e carrega todo o mosaico marrom que cabe entre o preto e o branco...!
Portanto, a pergunta "quem é negro no Brasil" é, no mínimo, impertinente; e qualquer resposta é errada! O que torna forçoso admitir: exigir prova de negritude de qualquer sujeito brasileiro, é pura perda de tempo; é atirar intelectualidades ao lixo; é desgastar argumentos fortemente assentados no nada.
Ser “negro” no Brasil, hoje, é sentimento é estado de espírito!
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